Os transtornos mentais relacionados ao trabalho estão
cada vez mais presentes na vida dos trabalhadores brasileiros. A exposição ao
assédio moral e sexual, jornadas exaustivas, atividades estressantes, eventos
traumáticos, discriminação, perseguição da chefia e metas abusivas no ambiente
de trabalho são as principais causas do início da patologia. Estabelecer
programas de prevenção e identificar o nexo causal entre a doença e o trabalho
são os principais desafios do Comitê Gestor do Programa Trabalho Seguro da
Justiça do Trabalho, que focará suas atividades no tema pelos próximos dois
anos.
Em reunião realizada com os gestores regionais do Programa nesta quinta-feira (16), o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), que integra o Comitê Nacional, fez apresentação explicando a importância da pauta. “É um tema atual, que tem gerado cada vez mais benefícios por afastamentos no INSS e apresenta dificuldades de diagnóstico, gerando insegurança para estabelecer o nexo causal com a atividade laboral e o julgamento jurídico”, afirmou.
O afastamento por transtornos mentais superior a 15 dias
ocupa o terceiro lugar na lista de pagamento por benefícios da Previdência
Social. “E aqueles que não se ausentaram do trabalho? Que continuam trabalhando
mesmo afetados?”, questiona o magistrado.
Entre os tipos de transtornos mais frequentes, Oliveira
cita a ansiedade, o stress pós-traumático e a depressão. Outros exemplos comuns
de adoecimento mental ou psicológico são o transtorno obsessivo compulsivo
(TOC), o transtorno bipolar, a síndrome de burn out, causada pelo esgotamento
físico e mental, e a síndrome do anancástico, que é a mania de perfeição.
Profissionais ligados à área de vendas, bancos e telemarketing são os mais atingidos, e a crise econômica pode contribuir para o agravamento da situação. “As pessoas têm medo de perder o emprego e se sujeitam as situações de stress ou de assédio,” ressalta. Ainda segundo o desembargador, as empresas precisam ser alertadas para tentar identificar o problema e investir em prevenção.
O stress no trabalho também foi o tema adotado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2016. Dados de relatório emitido em 2013 destacam que o stress relacionado com o trabalho e suas consequências são extremamente preocupantes. Os estudos revelaram relações entre o stress e doenças musculoesquelética, cardíacas e do sistema digestivo, entre outras.
Outro trabalho do Comitê Gestor do Programa Trabalho
Seguro ao longo deste ano é propor a adoção do tema para a Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat). A ideia é
conscientizar e trabalhar a formação dos magistrados no julgamento destes
casos.
Fonte: TST
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